terça-feira, 26 de maio de 2009

O ESPÍRITA E SUA MISSÃO!




Quando estamos prestes a voltar ao mundo carnal, nosso compromisso
reencarnatório é traçado minuciosamente, para que possamos reparar os
erros próprios e os cometidos contra outras pessoas no passado. Vir
com a incumbência de ser espírita ou de se tornar espírita durante
nossa estada no Mundo Material é uma benção, pois teremos condições
de estudar o espiritismo e, principalmente, colocá-la em prática.
Sendo assim, vários companheiros que estão no Mundo Espiritual
prestes a reencarnar têm seu destino acoplado ao nosso. Neste mister,
temos uma equipe espiritual preparada para nos oferecer o auxílio
necessário, a fim de que suportemos os percalços que a vida terrestre
nos coloca pela frente, não permitindo que caiamos nos momentos
difíceis ou nos desvirtuemos do caminho traçado nas situações
alegres.

Muitos de nós já nascemos em berço espírita, enquanto outros chegarão
ao Espiritismo por meio da dor ou espontaneamente, a convite de algum
conhecido, identificando-se com os ensinamentos cristãos deixados por
Jesus. No entanto, todos terão tarefas de grande relevância, podendo
socorrer muitos necessitados tanto no Mundo Material quanto no
Espiritual. Trabalhar com passes, esclarecimento nos trabalhos de
desobsessão, vidência, audiência, psicofonia, psicografia e intuição
são apenas algumas das várias atividades mediúnicas que a
espiritualidade superior nos oferece para auxiliar o próximo e,
conseqüentemente, a nós mesmos. Dessa forma, estaremos estudando e
evoluindo mental e moralmente, fazendo uma reforma íntima de suma
importância para nós e para aqueles que estão conosco.

Com todo esse suporte espiritual preparado, passamos a ser
acompanhados por nossos amigos e mentores nesta missão. Porém, a
vigilância deve ser total, pois Espíritos perturbados, às vezes,
desafetos de outras vidas que não desejarão nos dar trégua nos
momentos que virão, farão convites para que nos entreguemos à queda.
Vingança, rancor e mágoa, quando instalados na mente do ser para que
desempenhe determinados papéis maléficos, são perigosos para qualquer
pessoa que tenha baixa sintonia vibratória.

Tanto o espírita como o indivíduo exerce função religiosa de qualquer
crença estão sujeitos à obsessão da mesma forma que qualquer outra
pessoa, devido aos seus pensamentos. Assim, não podemos dar brechas
para as trevas, pois esse é o momento que os obsessores esperam para
começar sua ação sobre seus antigos algozes ou desafetos. É muito
comum o individuo, após entrar para o Espiritismo e ver seu trabalho
fluir, pensar que tudo é feito apenas por ele e que é o maior e
melhor médium que existe naquela função. Acaba deixando a vaidade
tomar conta de seu ser, entregando-se aos elogios e ao ego, além das
paixões terrenas, materiais ou carnais.

No livro Tormentos da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda,
psicografado por Divaldo Pereira Franco, traz informações edificantes
para nós, espíritas, sobre a importância de um bom desempenho de
nossas funções determinadas ainda no Mundo Espiritual, uma vez que
muitos estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo
socorro em sanatórios em virtude das péssimas condições morais e
psíquicas em que se encontram. "As tendências inatas, que são
reflexos dos compromissos vividos, impelem-nos para as condutas que
lhes parecem mais agradáveis e que não lhes exigem esforços para
superar. As conexões psíquicas, por AFINIDADE, facilitam o
intercâmbio com os desafetos da retaguarda, e sem o necessário
empenho que, às vezes, impõe sacrifício e renúncia, faz com que
tombemos nas urdiduras Bem estabelecidas para vencê-los, derrotá-los
no empreendimento que deveria ser libertador", explica.

Sabemos das dificuldades a vencer e as renúncias a fazer, mas quando
nos prontificamos a realizar esse trabalho com Amor e carinho, com
certeza, teremos o auxílio da espiritualidade amiga. Da mesma forma,
quando executamos essa tarefa como uma obrigação, não por satisfação,
deixamos-nos tomar pelas queixas costumeiras, atraindo Espíritos com
a mesma sintonia vibratória, que terão o imenso prazer em nos desviar
do caminho traçado. Assim, devemos ter a consciência de que somos
instrumentos do trabalho executado pela espiritualidade, o que não
diminui nossa tarefa em nenhum momento, já que, com isso, estaremos
auxiliando vários encarnados e desencarnados, construindo nossas
obras, como Jesus ensinou.

"Eis por que o Espiritismo, representando o retorno de Jesus à Terra
através de O Consolador, desempenha a missão sublime de despertar as
consciências adormecidas, facultando o intercâmbio direto com o mundo
de origem, onde se haurem as energias indispensáveis ao cumprimento
da tarefa e se dispõem das lembranças para o prosseguimento dos
compromissos. É também durante a vilegiatura carnal que têm curso os
combates iluminativos, quando se devem reunir e confraternizar os
antigos adversários, a princípio sob o sufrágio da dor, porquanto
defraudaram as leis, sem que delas se possam evadir, para depois se
renderem ao amor, a fraternidade", esclarece Manoel Philomeno de
Miranda em Tormentos da Obsessão.

A espiritualidade superior nos auxilia mesmo quando nos desvirtuamos
do caminho, porém, temos o livre-arbítrio para decidirmos que rumo
tomar. A perseverança e a fé devem permanecer em nossos corações,
principalmente nas horas difíceis, pois não podemos tombar ante os
primeiros obstáculos que aparecem pelo caminho. Além disso, seria
lamentável chegarmos ao Mundo Espiritual e vermos que havia tanta
coisa a fazer, com amigos espirituais nos apoiando, mas deixamos que
a vaidade e as paixões mundanas tomassem nosso ser, fazendo-nos
trilhar um caminho contrário ao que nos propomos antes de reencarnar.
Também seria bastante triste saber que muitos dependiam de nós para
sua evolução e falhamos com eles, bem como ter consciência de que
chegamos tão perto e pusemos tudo a perder por interesses pessoais.

Só o fato de sermos espíritas, trabalharmos na seara do bem em favor
dos nossos semelhantes, de estudar a doutrina espírita e de termos
conhecimentos importantes sobre assuntos que muitas crenças ainda não
compreenderam ou não querem entender faz que sejamos pessoas
privilegiadas. Ao mesmo tempo, porém, a responsabilidade de não errar
aumenta, devido aos ensinamentos de que dispomos. Como estamos em um
processo de evolução, o erro é comum, entretanto, não podemos
permitir que ele se transforme em um hábito. Assim, devemos sempre
pedir a Deus, nosso Pai, que nos ilumine, a fim de que possamos
desempenhar satisfatoriamente nosso trabalho, sem ostentação, tendo
em mente o que disse Jesus: "Todo aquele que se rebaixa será elevado
e todo aquele que se eleva será rebaixado".

Revista Cristã de Espiritismo, edição nº 18, ano 2002.

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